Com informações do Livro II – Antologia Literária da Academia Alenquerense de Letras, na obra da historiadora Áurea Nina, a trajetória de Veridiana Rodrigues de Oliveira revela a força de uma educadora que marcou a história da instrução feminina em Alenquer.
Em 15 de julho de 1891, em meio às transformações do período republicano e ao crescente debate sobre a educação no Brasil, foram criadas novas turmas escolares na região. Nesse contexto, a administração pública nomeou em 1892 a jovem professora normalista Veridiana Rodrigues de Oliveira para assumir a direção da escola destinada ao sexo feminino — um cargo de grande responsabilidade, especialmente para uma professora recém-formada.
Negra, com apenas 18 anos e recém-saída da formação normalista, Veridiana aceitou o desafio de deixar a capital para assumir uma missão educativa em uma cidade até então desconhecida. Seu gesto, corajoso e visionário, destacou-se no cenário educacional da época, marcado por profundas desigualdades de gênero e raça.
Nascida em 1875, Veridiana casou-se com Alfredo de Sousa Correa, de quem ficou viúva aos 35 anos. Permaneceu em Alenquer, onde construiu sua carreira e sua vida, até falecer em 1958. Sua dedicação, rigor e sensibilidade como educadora deixaram marcas profundas na comunidade local.
Anos após sua morte, a cidade reconheceu sua importância ao homenageá-la com o nome de uma escola no bairro de São Cristóvão, perpetuando sua memória e sua contribuição.
Ao revisitar sua história, Áurea Nina destaca que Veridiana Rodrigues de Oliveira não foi apenas uma professora, mas uma mulher que rompeu barreiras e desafiou padrões sociais. Mulher, negra, e exemplar educadora do século XIX, ela tornou-se referência de força, competência e transformação — um símbolo inspirador para gerações de mulheres que encontraram na educação um caminho de autonomia e ascensão.
A trajetória de Veridiana permanece como testemunho de que a educação, quando guiada pela coragem e pela sensibilidade, tem o poder de mudar destinos e construir futuros.
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