Por: Wellington Trindade
Nos últimos meses, Alenquer tem sido palco de grandes ações de cidadania. De um lado, o Instituto Liz, por meio da deputada Renilce Nicodemos e do deputado Josué Paiva, trouxe documentos, atendimentos médicos e consulta com posterior entrega de óculos. De outro, a Alepa Itinerante, projeto do Deputado Chicão (presidente da casa) desembarcou oferecendo documentos, orientações jurídicas e atendimento médico, psicólogo e outros serviços essenciais.
Em comum, ambos os eventos geraram o mesmo sentimento entre os moradores: alívio e gratidão. Muitas pessoas esperam meses por uma simples consulta ou a emissão de um documento e os mutirões são onde finalmente tem a chance de ser atendido.
Mas, por trás do sucesso desses mutirões, Fica uma pergunta: por que esses serviços e atendimento só chegam em forma de evento?
Quando o Estado ou um parlamentar precisa se deslocar com toda uma estrutura para executar funções que deveriam ser rotina da administração municipal, isso revela um vazio de gestão. Atendimentos que deveriam ser cotidianos, passam a depender de ações esporádicas e externas.
Esse problema não é exclusividade de Alenquer ou da gestão municipal, basta observar o Barco da Previdência, que vez ou outra atraca no porto municipal. A iniciativa é louvável e necessária, mas também simboliza a mesma fragilidade e a dificuldade do poder público em estar presente onde o cidadão está.
Em municípios do interior, essa ausência se agrava. A população passa a aguardar o próximo mutirão como quem espera um socorro — e o assistencialismo, antes exceção, vira a regra.
A consequência é uma dependência institucionalizada, que disfarça a falta de estrutura permanente e reduz a autonomia local além de gerar “favores” que não deveriam existir.
Reconhecer o mérito dessas ações não é o problema. Elas são, de fato, respostas emergenciais a uma demanda reprimida. O que precisa ser questionado é por que o básico virou urgência.
Um município forte é aquele que garante ao cidadão o direito de resolver seus problemas em qualquer dia útil, sem precisar esperar o próximo evento de cidadania.
O verdadeiro avanço será o dia em que esses mutirões deixarem de ser necessários — não por falta de vontade política, mas porque o serviço público finalmente estará funcionando de forma contínua, próxima e humana.
Até lá, continuaremos celebrando cada ação como um respiro, mas também como um lembrete de que a cidadania, em Alenquer e em boa parte do país, ainda precisa de data e hora marcada para acontecer.
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